Então a polícia veio e bateu na porta da casa do vizinho. E depois eles bateram no vizinho. E quanto mais batia nele, mais ele parecia culpado. Os outros vizinhos saíram à rua e ficamos todos olhando. As crianças pararam de jogar bola e vieram também. Dava pra ver o sangue correndo e o olhar de pavor com que ele olhava. As pessoas não entendiam o que estava acontecendo. Uma euforia tomou conta da multidão. Ele era culpado de alguma coisa. A raiva e o ódio contagiavam o povo. Alguns começaram a gritar palavrões e pedir mais energia nos golpes. Os policiais estavam ficando cansados de bater naquele monte de carne e ossos disformes. Queríamos mais! O sujeito parecia tentar falar algo enquanto golfava bolas de sangue. Dona Maria estava preocupada; quem limparia toda aquela sujeira depois que eles fossem embora. Sua cabeça já não fazia o mesmo som quando batia contra o calçamento, o sangue foi ficando minguado, sem energia. E alguém no meio da multidão gritou: - É marmelada! As pessoa