Não foram os troféus, as
medalhas, diplomas, nem outro objeto, ou a publicação em alguma antologia. Mas uma
briga, uma discussão feia. Daquelas de se ficar babando que nem cão raivoso. Pronto
para pular no pescoço do outro.
Foi numa manhã ensolarada de
inverno. Eu estava indo para uma reunião num prédio ali do lado do túnel da
conceição. Aquela agitação de dia da semana movimentada em Porto Alegre. Entrei
no saguão do prédio às 10h em ponto. Meia hora antes da reunião que tinha no
quarto andar. Na portaria um sujeito, com a cara enfiada no jornal.
- Bom dia! Eu disse.
Ele levantou os olhos, com
uma expressão típica de repartição publica.
- Pois não? Ele disse.
Mas eu não vou contar todos
os detalhes, vamos ao que interessa. Dei uma olhada no que ele estava lendo. O sujeito
ao invés de estar cuidando do seu serviço. Estava lendo poesia. Não aguentei e
comecei a insultar ele e aquele poema. Um minúsculo poema de quatro linhas, com
menos de seis palavras por linha. E o sujeito perdendo seu tempo com aquilo. Que
poeta teria escrito uma porcaria daquelas? Mas o sujeito começou a defender o
poema e o poeta. E a discussão começou a tomar proporções de uma guerra
mundial.
Imagine começar a terceira
guerra mundial, no saguão de uma repartição publica e por causa de um poema.
O pior de tudo é que o
sujeito sabia como argumentar. Olhei o relógio e já era quase 10:30h, tive que
desistir da briga. Mas falei antes de sair que só tinha desistido por causa do horário.
Mas que ele se preparasse para o nosso próximo encontro, pois eu ainda não
tinha me dado por vencido.
Quando eu penso naquele
sujeito defendendo o poema e o poeta, que ele nem conhecia. Este foi o meu
maior prêmio. Até hoje ele não sabe que defendeu o meu poema dos meus ataques.
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