O velho e o Guaíba O velho ficava sentado numa pedra olhando as águas do guaíba como quem fica olhando para o próprio passado. Sempre com o semblante triste, sem perceber as horas que passavam. Joaquim já não sabia o que fazer para alegrar o seu companheiro. Para quem passava pelo local era só mais um velho mendigo; fedorento, cabisbaixo e inútil. Que enfeava o pôr do sol do guaíba. Mas Joaquim o tinha como um verdadeiro segundo pai. Um dia os dois estavam sentados na mesma pedra e o velho soltou um suspiro muito longo e melancólico como um gemido que vinha da alma. Joaquim pensou – É agora que ele se vai! Aquilo fez Joaquim tomar uma atitude, sem deixar o velho saber. A partir daquele dia, o rapaz começou a juntar um monte de garrafas PET e a esconder numa moita que tinha nascido em cima de uns entulhos, não muito longe da orla. Só alguns metros para dentro do parque Harmonia, o suficiente para outros catadores não encontrarem seu abrigo de garrafas. A noite quando voltav